Na
semana passada, foram discutidas, aqui no blog, as consequências da utilização
de agrotóxicos na produção de alimentos. Hoje, as explanações serão sobre a
fabricação de transgênicos, quais as polêmicas desta e quais as consequências geradas
para a saúde dos consumidores.
Os
alimentos transgênicos são definidos como “aqueles cujo genoma foi modificado
com o objetivo de atribuir-lhes nova característica ou alterar alguma
característica já existente, através da inserção ou eliminação de um ou mais
genes por técnicas de engenharia genética” (Marinho, 2003). Algumas das
características buscadas são: o aperfeiçoamento da qualidade; a resistência a
pragas e doenças; a maior adaptabilidade a condições climáticas adversas; a
melhoria das características agronômicas, permitindo uma melhor adaptação às
exigências de mecanização; a domesticação de novas espécies; e como objetivo
final, o aumento do rendimento.
Assim
como na justificativa da utilização de agrotóxicos, utiliza-se o argumento da
solução para fome atual e futura para a produção de alimentos geneticamente
modificados (AGM). Mas, como foi explicitado na postagem anterior, a fome não é
fruto da falta de alimentos disponíveis para consumo e sim da desigualdade
social das populações ao redor do mundo. A fome existe, pois os que passam por
ela não têm recursos suficientes para comprar alimentos. Quem produz os
alimentos não está interessado em resolver o problema da fome mundial, está
interessado em lucrar. Com esse interesse, tem-se um mascaramento das reais consequências
dos AGM para a saúde dos consumidores, feito pelas grandes empresas. Elas
conseguem aprovar a comercialização de alimentos transgênicos através de jogos
políticos e econômicos, sem aplicar testes suficientes, que comprovassem a
inofensividade desses alimentos para o corpo humano. Os testes que tentaram verificar
se esse tipo de produto era seguro acabaram sendo silenciados, como exemplifica
Jeffrey Smith, ativista contra os alimentos geneticamente modificados:
“Documentos
internos do FDA, que vieram a público devido a uma ação judicial, revelaram que
os cientistas da agencia alertaram para o fato de que alimentos GM poderiam
criar toxinas, alergias, problemas nutricionais e novas doenças que podem ser difíceis
de identificar. Embora eles tenham insistido com seus superiores para que
exigissem testes de longo prazo para cada variedade GM antes da sua aprovação,
os diretores em cargos de confiança da agencia, incluindo um ex-advogado da
Mosanto, ignoraram os cientistas. As políticas oficiais alegam que esses
alimentos não são diferentes em nada e, portanto, não exigem testes de segurança.
Os fabricantes podem introduzir um alimento GM sem nem mesmo informar ao
governo ou aos consumidores.”
“Em
estudos não publicados sobre o tomate FlavrSavr, ratos de laboratório
alimentados com essa safra GM desenvolveram lesões estomacais, e sete dos
quarenta ratos morreram em duas semanas. O tomate foi aprovado sem testes
adicionais.”
Esses
foram apenas dois dos casos citados por Jeffrey em sua conferência apresentada
à Câmara dos Deputados no Brasil, no ano de 2003, demonstrando o desinteresse
da indústria alimentícia em testar a segurança alimentar dos alimentos
transgênicos. Usa-se, então, a desculpa da chamada Equivalência Substancial
(ES), segundo a qual o organismo geneticamente modificado, sendo similar a sua
contraparte convencional, é considerado substancialmente equivalente,
inexistindo, portanto, razões para considera-lo perigoso. Esse argumento é
falho, pois, apesar da similaridade, inúmeros são os riscos:
- A monopolização das sementes pode causar a diminuição da disponibilidade de alimentos, já que as sementes dos AGM pertencem a uma pequena quantidade de multinacionais. Isso faria com que houvesse uma monopolização do mercado de sementes, tornando os agricultores dependentes dessas empresas.
- As incertezas da engenharia genética, devido à falta de teste suficientes. Isso provoca uma alta probabilidade de efeitos imprevistos e indesejáveis.
- O receio de uma possível resistência bacteriana aos antibióticos empregados na modificação genética. Utilizam-se genes marcadores de resistência a antibióticos, cuja função é selecionar e confirmar se a alteração genética foi de fato realizada da maneira planejada. No entanto, discute-se que tais genes podem continuar a ser expressos nos tecidos da planta e, ao serem ingeridos através dos alimentos, reduziriam, no homem, a eficácia do antibiótico comumente administrado no combate a doenças. Argumenta-se também que esses genes de resistência poderiam ser transferidos a patógenos humanos ou animais, tornando nulo o efeito da aplicação de certos antibióticos.
- A alergenicidade é um importante risco a ser analisado, considerando-se que os alergênicos alimentares são proteínas que podem ser oriundas de genes endógenos ou exógenos.
Essas
são apenas algumas consequências do uso de AGM’s. Percebe-se a necessidade da
imposição governamental de maior número de testes para se determinar os reais
efeitos dos transgênicos e se os mesmos devem ou não ser comercializados. A
cada nova variedade produzida, numerosos testes deveriam ser realizados, antes que
esse alimento desconhecido seja colocado no prato do consumidor.
Referências:
Referências:
JEFFREY, M.
Smith. Perigo dos alimentos manipulados geneticamente. In: Zanoni, Magda
(Org.). Transgênicos, terapia genética, células-tronco: questões para a
ciência e para a sociedade. Brasília: Núcleo de Estudos Agrários e
Desenvolvimento Rural, Instituto Interamericano de Cooperação para a
Agricultura. p.25-33. (NEAD Debate, 1). 2004.
CAMARA, M. C. C. et al. Transgênicos: avaliação da possível (in)segurança alimentar através da produção científica. Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-59702009000300006&script=sci_arttext
CAVALLI, S. B. Segurança alimentar: a abordagem dos alimentos transgênicos. Campinas, 2001. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-52732001000400007&script=sci_arttext
Não há o que debater, quando se trata da agricultura aliada a engenharia genética, não se objetiva uma melhoria na safra apenas, se visa o lucro, assim como é lançado no mercado um novo modelo a cada ano, sementes são lançadas com novos aditivos que prometem aumentar a produção e combater pragas "iminentes", então as grandes empresas do setor sempre terão a quem vender seus novos produtos a novos problemas, de fato, há um aumento da produção e um controle de pragas a curto prazo, mas a que custo? Como bem ecplicitado na postagem, as grandes industrias burlam o sistema e lançam no mercado sementes geneticamente modificadas, sem antes passar pelo crivo de agências governamentais, o que aumenta o risco perante a nossa saúde, não se pode adivinhar que alterações essas incrementações genéticas podem desencadear no organismo humano, como intoxicação, alergias e queda do poder de imunização. Quando se modifica geneticamente uma planta, introduz-se um gene estranho nos genes da própria planta que herda as características contidas no código genético, do organismo transplantado.
ResponderExcluirCom a modificação genética, é possível transferir genes de uma espécie para outra. Isto porque todos os genes, tanto humanos como vegetais, animais ou bacterianos são criados a partir do mesmo material. Os cientistas genéticos dispõem assim de uma enorme quantidade de características genéticas à sua escolha. A modificação genética ocorre resumidamente em 6 etapas:
O cientista encontra e isola o gene com as características genéticas desejadas. Este processo é denominado mapeamento;
Após o mapeamento, ele faz várias cópias do gene isolado. O processo de cópia designa-se PCR.
Então o cientista transfere os genes desejados para os genes das próprias plantas (utilizando um pedaço de tecido da planta). Para inserir os genes desejados na planta, o cientista tem 3 opções. Pode utilizar um "canhão de genes", uma bactéria do solo ou um material chamado protoplasto. Os métodos de inserção de genes chamam-se transformação;
Após esse processo ele cria uma nova planta a partir do tecido da planta geneticamente modificado;
Na analise de resultados verifica se os genes inseridos funcionam conforme esperado
Finalizando ele verifica também se o gene inserido aparece nas sementes.
Referências:
http://www.bionetonline.org/Portugues/Content/ff_tool.htm
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ResponderExcluirTransgênicos tornam alimentos mais resistentes a agressões de insetos e herbicidas, aumentando a produtividade no campo. Organismos geneticamente modificados também são usados para produção de insulina e vacinas. A transgenia apresenta uma grande utilidade para a humanidade, e até agora não foram detectados riscos para os seres humanos. Entretanto, alimentos GM não são iguais aos comuns, e assim como devem haver garantias de que um produto não produza efeitos colaterais indesejáveis, alimentos transgênicos devem ser testados. O consumidor também tem o direito de saber com o que está lidando. Nesse sentido, o Brasil não apresenta uma política diferenciada em relação aos transgênicos.
ResponderExcluirO projeto “Estudos metalômicos aplicados a espécies geneticamente modificadas de soja [Glycine max (L.) Merrill] e Arabidopsis thaliana” detectou diversas diferenças nutricionais e bioquímicas da soja transgênica. No estudo, cogitou-se a possibilidade de a planta estar em um "stress oxidativo" devido às modificações.
Enfim, uma melhor exposição e análise de dados é necessária.
FONTES
http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/soja-transgenica-mostra-alteracao-nutricional-e-bioquimica
http://www.anbio.org.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=303:-sociedade-brasileira-de-bioquimica-e-biologia-molecular-sbbq-pede-ao-governo-politica-clara-em-relacao-aos-organismos-transgenicos-e-a-exploracao-cientifica-da-biodiversidade&catid=59:artigos-cientificos-e-de-opiniao&Itemid=61
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ResponderExcluirA mudança genética é feita para tornar plantas e animais mais resistentes e, com isso, aumentar a produtividade de plantações e criações, os quais recebem a denominação de transgênicos. A utilização das técnicas transgênicas permite a alteração da bioquímica e do próprio balanço hormonal do organismo transgênico. Hoje muitos criadores de animais dispõem de raças maiores e mais resistentes a doenças graças a essas técnicas. Os transgênicos já são utilizados inclusive no Brasil. Mas ainda não existem pesquisas apropriadas para avaliar as conseqüências de sua utilização para a saúde humana e para o meio ambiente. Além disso, pesquisas recentes na Inglaterra revelaram aumento de alergias com o consumo de soja transgênica. Acredita-se que os transgênicos podem diminuir ou anular o efeito dos antibióticos no organismo, impedindo assim o tratamento e agravando as doenças infecciosas. Alergias alimentares também podem acontecer, pois o organismo pode reagir da mesma forma que diante de uma toxina. Outros efeitos, desconhecidos, a longo prazo poderão ocorrer, inclusive o câncer, além da resistência de pragas a inseticidas após ingestão de plantas transgênicas. De fato, é difícil prever os impactos a médio longo prazo ocasionados pela ingestão de transgênicos, e portanto, deve haver uma maior fiscalização de sua produção e circulação no mercado. É por um pensamento de mercado e altamente capitalista que os grandes produtores desta nova tecnologia se utilizam da possibilidade de riscos para a geração amoral de lucro, o que evidencia a necessidade de diálogo intersetorial, uma vez que a economia pode afetar a saúde, e assim sucessivamente. O fato é que a manipulação genética, em que seleciona-se um gene e utiliza-se como parâmetro de controle, além de modificar a identidade orgânica, altera também a sua bioquímica, o que pode explicar a mudança de afinidade, originando reações como a intoxicação alimentar, por exemplo, prejudicando a homeostase dos indivíduos vivos. Caso de saúde pública, os transgênicos precisam ser controlados, desde sua produção e aceitação de mercado, evidenciando em rótulos como aviso aos consumidores acerca de reações adversas.
ResponderExcluirREFERÊNCIAS
Disponível em: http://www.anbio.org.br/site/index.php? option=com_content&view=article&id=303:-sociedade-brasileira-de-bioquimica-e-biologia-molecular-sbbq-pede-ao-governo-politica-clara-em-relacao-aos-organismos-transgenicos-e-a-exploracao-cientifica-da-biodiversidade&catid=59:artigos-cientificos-e-de-opiniao&Itemid=61 Acesso em: 23 de out.2014.
Muito interessante a postagem ao tratar dos alimentos geneticamente modificados, já que são produtos bastante comuns na nossa realidade. Especificamente, trata-se de alimentos cuja estrutura genética (a parte da célula onde está armazenado o código da vida), foi alterada pela inserção de genes de outro organismo, de modo a atribuir ao receptor características não programadas pela natureza. Uma planta que produz uma toxina antes só encontrada numa bactéria. Um microorganismo capaz de processar insulina humana.
ResponderExcluirA engenharia genética utiliza enzimas para quebrar a cadeia de DNA em determinados lugares, inserindo segmentos de outros organismos costurando a seqüência novamente. Os cientistas podem "cortar" e "colar" genes de um organismo e manipulando sua biologia natural a fim de obter características específicas (por exemplo, determinados genes podem ser inseridos numa planta para que ela produza toxinas contra pestes). Este método é muito diferente do que ocorre naturalmente com o desenvolvimento dos genes. É um processo muito importante para o nosso dia a dia, pois o alimento pode ser enriquecido com um componente nutricional, além de resistirem ao ataque de insetos, seca ou geada, garantindo estabilidade dos preços e custos dos alimentos no mercado. No entanto, também oferecem algumas desvantagens, pois podem provocar reações alérgicas, além de tornarem os alimentos resistentes a certas bactérias. Logo, é bastante importante, fiscalizar esses procedimentos, para diminuir os riscos de contaminação dos alimentos e à saúde humana.
A postagem, como as anteriores, foi muito interessante, pois trabalhou de forma consistente com o tema dos alimentos transgênicos, apresentando as intenções na sua fabricação, e principalmente, a possibilidade do risco de sua ingestão visto à falta de interesse da indústria alimentícia de comprovar a sua segurança. Os alimentos transgênicos, (como mostrou o texto), são aqueles geneticamente modificados com o objetivo de melhorar a qualidade e aumentar a produção (com a fajuta pretensão de lutar contra a fome, que na verdade é muito mais causada pela desigualdade social que pela falta de alimentos), a maior resistência à pragas (vírus, fungos, bactérias e insetos), a maior facilidade de adaptação à climas diversos e etc., visando, como objetivo final, o aumento do rendimento. Na sua constituição, são feitas algumas técnicas, onde são implantados fragmentos DNA de bactérias, vírus ou fungos no DNA da planta, que ao recebê-los, produzem as toxinas contra as pragas da lavoura, não necessitando de certos agrotóxicos. Alguns produtos também são modificados para que contenha um maior valor nutricional, como o arroz dourado da Suíça, que é muito rico em betacaroteno, substância precursora de Vitamina A, ajudando, por exemplo, a diminuir as doenças que acontecem em decorrência da falta desta vitamina, como problemas da visão. Apesar dos pesares, os pontos positivos dos produtos geneticamente modificados, é que os mesmos contribuem no aumento da produção, do conteúdo nutricional, da resistência a agrotóxicos e do tempo de armazenagem, o que reduziria algumas incidências de doenças na população. Em contrapartida, eles aumentam as reações alérgicas em determinadas pessoas, e por isso, no Brasil, apesar de muitas plantas serem cultivadas e analisadas pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a comercialização das mesmas ainda não está autorizada. Aguardo ansiosamente novas postagens.
ResponderExcluirReferências:
http://www.infoescola.com/genetica/alimentos-transgenicos/
http://ambientes.ambientebrasil.com.br/biotecnologia/artigos_de_biotecnologia/transgenicos.html
A ciência trouxe inúmeros benefícios, e sem dúvidas, uma vasta camada de duvidas e incertezas também paira no ar, pelo rol de incrementos que a ciência agrega nas mais diversas áreas. Com os transgênicos não é muito diferente. O preço que se paga por alimentos mais resistentes, com produção mais rápida, mais efetiva, menores custos, é algo que infelizmente não podemos mensurar pela pequena quantidade de conhecimento acerca desta realidade.
ResponderExcluirSegundo a ONU, o Princípio da Precaução deveria ser respeitado e cumprindo, em que o mesmo alerta sobre o perigo de ameaças como o aumento da incidência de doenças, as contaminações de cultivos convencionais e de áreas de proteção ambiental, a expansão do uso de agrotóxicos e o controle monopolizado de sementes e técnicas de produção.
Conforme destacado, o critério da equivalência substancial torna-se um grande aliado à corrente que defende incansavelmente a utilização de transgênicos, mas é de extrema importância mais pesquisas conclusivas e esclarecedoras a cerca do real custo-benefício que tais substâncias apresentam para o ser humano e o meio ambiente.
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ResponderExcluirMuito interessante o tema, ao passo que aborda um tema de tanta polêmica e tão pouco entendimento por boa parte sociedade em geral. A polêmica sobre os transgênicos é um terreno fértil para o surgimento de mitos, mesmo nos países desenvolvidos, porque o processo e os impactos não são de domínio público, além do interesse econômico de empresas que produzem sementes transgênicas e das que atuam na área de defensivos agrícolas. Muitas são as questões que preocupam em relação aos AGM, entre elas podemos destacar a falta de estudos e falta de transparência. Conseqüências preocupantes para a saúde humana são o aparecimento (ou aumento) de alergias provocadas por alimentos geneticamente modificados, o aumento da resistência a antibióticos, os efeitos inesperados de longo prazo e o aparecimento de novos vírus mediante a recombinação. Os transgênicos estão sendo utilizados de forma indiscriminada na alimentação humana e animal, e não foram feitos estudos suficientes que comprovem a sua segurança. Aliado a esse aspecto a liberação dos organismos transgênicos na natureza está sendo feita de uma forma descontrolada e sem transparência. As entidades que representam a sociedade civil defendem o direito de acesso ao conhecimento, à transparência e à seriedade nos processos de avaliação de risco. A oposição aos OGMs não se limita apenas aos movimentos preocupados com a saúde dos seres humanos e com o equilíbrio do meio ambiente. Também é engrossada por opositores ideológicos, entendem que as grandes empresas multinacionais que detém o domínio da técnica teriam o controle sobre o mercado, principalmente, com relação aos países subdesenvolvidos.
ResponderExcluirhttp://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/26550-26552-1-PB.pdf
http://www.greenpeace.org.br/transgenicos/pdf/cartilha.pdf