Esse tipo de nutrição, associado
à falta de atividade física (pelos mesmos motivos mencionados) são os
principais causadores da obesidade na atualidade, doença que virou epidemia
pelo mundo. Para entendermos essa doença, vejamos a bioquímica envolvida na mesma.
Os lipídeos são uma classe de
biomoléculas, assim como proteínas e carboidratos, e englobam um conjunto de
substâncias químicas que, diferentemente das outras classes de compostos
orgânicos, não são caracterizadas por algum grupo funcional comum, e sim pela
sua alta solubilidade em solventes orgânicos e baixa solubilidade em água. Ao
contrário das demais biomoléculas, os lipídeos não são polímeros, isto é, não
são repetições de uma unidade básica e, além disso, são moléculas pobres em dipolos
localizados (seus elementos possuem eletronegatividade semelhante), ou seja,
são apolares. E as distintas propriedades químicas e físicas de seus
componentes são combinadas para preencher funções biológicas especializadas.
Os lipídeos se organizam no
interior de células especializadas em armazená-lo, denominadas adipócitos, bem
como estas células se organizam para constituir um tecido, o tecido
adiposo. As
principais funções do tecido adiposo para a classe dos mamíferos são agir como
isolante térmico ao se encontrar em regiões subcutâneas, auxiliando diminuir a
perda de calor para o meio; atuar como camada de proteção mecânica contra
choques e dar suporte a estruturas internas; e servir como reserva de energia,
o que está intimamente relacionada à obesidade. O acúmulo de gordura pelo
tecido adiposo resulta de alta ingestão energética, ou seja, uma dieta
hipercalórica, associada ao baixo consumo de energia. Assim sendo, as células
adiposas estocam esta energia de sobra sob a forma de lipídeos. Fatores, como
predisposição genética ou desequilíbrio hormonal estão relacionados ao tal
armazenamento.
Assim, a obesidade é quando o
processo de armazenamento de lipídeos nos adipócitos ocorre em excesso e a
mesma é diagnosticada, de acordo com Organização Mundial de Saúde, através do
Índice de Massa Corporal (IMC). Esse Índice, definido pela massa em quilogramas
dividida pelo quadrado da altura em metros, não mede o nível de gordura
corporal per se, mas serve como um bom
referencial para relação massa/altura do indivíduo. Assim, por definição, um
IMC igual ou superior a 30 caracteriza obesidade.
A maioria dos obesos possui um
nível de insulina muito elevado na sua circulação, que pode levar a um estado
de resistência à insulina, e é esse um dos principais fatores responsáveis pela
maioria das doenças envolvidas com a obesidade. Por exemplo, um dos fatores que
pode ser considerado causa da Diabetes
em obesos é a presença de um nível muito alto de ácidos graxos livres
provenientes dos adipócitos no organismo do obeso. Tais ácidos graxos livres
inibem a captação de glicose pelos tecidos periféricos, sendo causa da
resistência à insulina, que é pré-fator a diabetes tipo II.
Além disso, a resistência à
insulina presente no obeso pode contribuir também para o agravamento da arterosclerose.
A insulina é um hormônio vasodilatador, que em pessoas saudáveis é dependente
de óxido nítrico. Muitos estudos evidenciaram que o óxido nítrico possui ação
ante aterogênica, porque o mesmo diminui a migração e crescimento de células
musculares lisas dos vasos e inibe a agregação de plaquetas também. Nos estados
resistentes a insulina a vaso dilatação feita por ela estaria comprometida,
possivelmente devido a síntese inadequada de óxido nítrico pelo endotélio,
proporcionando um quadro de maior pré disposição para a aterosclerose.
Além dessas doenças relacionadas
à obesidade, ainda têm-se a dislipidemia (acúmulo de gordura no sangue), a síndrome
da apnéia obstrutiva do sono (caracterizada pela parada respiratória repentina
durante o sono e é causada pela deposição de gordura adjacente às vias aéreas
superiores), a colelitíase (formação de cálculos de colesterol na vesícula
biliar), a esteatose hepática não alcoólica (formando o chamado fígado
gorduroso, que se caracteriza pelo acúmulo de ácidos graxos livres no fígado),
entre outros diversos riscos à saúde do paciente.
Percebe-se assim como o padrão
capitalista de vida atual vem influenciando destrutivamente a alimentação da
população, causando danos sérios e, se não tratados, irreversíveis à saúde
humana.
Referências bibliográficas: