sábado, 29 de novembro de 2014

Obesidade



Ao analisarmos os diferentes efeitos do capitalismo na alimentação humana, o mais frequente prejuízo à saúde mencionado foi a obesidade. A obesidade decorre de um processo lento de estabelecimento de hábitos, tanto alimentares quanto relativos às atividades físicas, e é, muitas vezes, imperceptível e tratado como um ‘resultado’ natural do estilo de vida moderno. A necessidade do aproveitamento máximo do tempo, a distância da casa ao trabalho e a entrada da mulher no mercado de trabalho, apenas algumas características do modo capitalista de vida, fazem com que a sociedade não dê a devida atenção à alimentação, passando a consumir alimentos extremamente gordurosos, açucarados e com componentes não nutricionais, que causam prejuízo à saúde. Alguns desses alimentos já foram aqui citados, como os industrializados e aqueles provenientes de restaurantes fast food.


Esse tipo de nutrição, associado à falta de atividade física (pelos mesmos motivos mencionados) são os principais causadores da obesidade na atualidade, doença que virou epidemia pelo mundo. Para entendermos essa doença, vejamos a bioquímica envolvida na mesma.


Os lipídeos são uma classe de biomoléculas, assim como proteínas e carboidratos, e englobam um conjunto de substâncias químicas que, diferentemente das outras classes de compostos orgânicos, não são caracterizadas por algum grupo funcional comum, e sim pela sua alta solubilidade em solventes orgânicos e baixa solubilidade em água. Ao contrário das demais biomoléculas, os lipídeos não são polímeros, isto é, não são repetições de uma unidade básica e, além disso, são moléculas pobres em dipolos localizados (seus elementos possuem eletronegatividade semelhante), ou seja, são apolares. E as distintas propriedades químicas e físicas de seus componentes são combinadas para preencher funções biológicas especializadas.


Os lipídeos se organizam no interior de células especializadas em armazená-lo, denominadas adipócitos, bem como estas células se organizam para constituir um tecido, o tecido adiposo. As principais funções do tecido adiposo para a classe dos mamíferos são agir como isolante térmico ao se encontrar em regiões subcutâneas, auxiliando diminuir a perda de calor para o meio; atuar como camada de proteção mecânica contra choques e dar suporte a estruturas internas; e servir como reserva de energia, o que está intimamente relacionada à obesidade. O acúmulo de gordura pelo tecido adiposo resulta de alta ingestão energética, ou seja, uma dieta hipercalórica, associada ao baixo consumo de energia. Assim sendo, as células adiposas estocam esta energia de sobra sob a forma de lipídeos. Fatores, como predisposição genética ou desequilíbrio hormonal estão relacionados ao tal armazenamento.


Assim, a obesidade é quando o processo de armazenamento de lipídeos nos adipócitos ocorre em excesso e a mesma é diagnosticada, de acordo com Organização Mundial de Saúde, através do Índice de Massa Corporal (IMC). Esse Índice, definido pela massa em quilogramas dividida pelo quadrado da altura em metros, não mede o nível de gordura corporal per se, mas serve como um bom referencial para relação massa/altura do indivíduo. Assim, por definição, um IMC igual ou superior a 30 caracteriza obesidade.


A maioria dos obesos possui um nível de insulina muito elevado na sua circulação, que pode levar a um estado de resistência à insulina, e é esse um dos principais fatores responsáveis pela maioria das doenças envolvidas com a obesidade. Por exemplo, um dos fatores que pode ser considerado causa da Diabetes em obesos é a presença de um nível muito alto de ácidos graxos livres provenientes dos adipócitos no organismo do obeso. Tais ácidos graxos livres inibem a captação de glicose pelos tecidos periféricos, sendo causa da resistência à insulina, que é pré-fator a diabetes tipo II.


Além disso, a resistência à insulina presente no obeso pode contribuir também para o agravamento da arterosclerose. A insulina é um hormônio vasodilatador, que em pessoas saudáveis é dependente de óxido nítrico. Muitos estudos evidenciaram que o óxido nítrico possui ação ante aterogênica, porque o mesmo diminui a migração e crescimento de células musculares lisas dos vasos e inibe a agregação de plaquetas também. Nos estados resistentes a insulina a vaso dilatação feita por ela estaria comprometida, possivelmente devido a síntese inadequada de óxido nítrico pelo endotélio, proporcionando um quadro de maior pré disposição para a aterosclerose.


Além dessas doenças relacionadas à obesidade, ainda têm-se a dislipidemia (acúmulo de gordura no sangue), a síndrome da apnéia obstrutiva do sono (caracterizada pela parada respiratória repentina durante o sono e é causada pela deposição de gordura adjacente às vias aéreas superiores), a colelitíase (formação de cálculos de colesterol na vesícula biliar), a esteatose hepática não alcoólica (formando o chamado fígado gorduroso, que se caracteriza pelo acúmulo de ácidos graxos livres no fígado), entre outros diversos riscos à saúde do paciente.


Percebe-se assim como o padrão capitalista de vida atual vem influenciando destrutivamente a alimentação da população, causando danos sérios e, se não tratados, irreversíveis à saúde humana.

Referências bibliográficas:
 



sábado, 22 de novembro de 2014

Aditivos Alimentares

Hoje discutiremos mais um aspecto dos alimentos industrializados: os aditivos alimentares. O Comitê de Experts em Aditivos Alimentares da Organização Mundial da Saúde (OMS)/Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) [The Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives - JECFA] define aditivo alimentar como:

"Qualquer substância que enquanto tal não se consome normalmente como alimento, nem tampouco se utiliza como ingrediente básico em alimentos, tendo ou não valor nutritivo, e cuja adição intencional ao alimento com fins tecnológicos (incluindo os organolépticos) em suas fases de fabricação, elaboração, preparação, tratamento, envasamento, empacotamento, transporte ou armazenamento, resulte ou possa preservar razoavelmente por si, ou seus subprodutos, em um componente do alimento ou um elemento que afete suas características".


Na tabela a seguir temos alguns dos tipos de aditivos alimentares:

 
Os conservantes químicos são de especial importância em países tropicais, onde a deterioração de alguns alimentos é acentuada pelo grau de umidade e temperaturas próximas ao ótimo do desenvolvimento microbiano. A importância dos conservantes aumenta também quando há falta de instalações adequadas de armazenamento e o transporte do produto é deficiente, ou onde as distâncias entre os centros produtores e consumidores são grandes. A ação antimicrobiana dos conservantes baseia-se em efeitos sobre um ou mais dos seguintes componentes/atividades: DNA, membrana plasmática, parede celular, síntese protéica, atividade enzimática, transporte de nutrientes. 
 
A escolha adequada de um conservante deve ser feita com base em alguns fatores, tais como o tipo de microrganismo a ser inibido, a facilidade de manuseio, o impacto no paladar, o custo e a sua eficácia. A eficácia de um conservante pode ser influenciada pela presença de outros inibidores do crescimento de microrganismos como sal, vinagre e açúcar, pelo pH e composição do produto, pelo teor de água do alimento e pelo nível inicial de contaminação, seja do alimento ou ambiental (ligados às condições de processo e às instalações). 

Já os corantes artificiais são uma classe de aditivos sem valor nutritivo, introduzidos nos alimentos e bebidas com o único objetivo de conferir cor, tornando-os mais atrativos. Eles são amplamente utilizados nos alimentos e bebidas devido à sua grande importância no aumento da aceitação dos produtos. Alimentos coloridos e vistosos aumentam nosso prazer em consumi-los.


Por não serem tradicionalmente pertencentes à dieta humana e não terem uma função nutritiva, algumas pessoas preocuparam-se em avaliar possíveis efeitos nocivos desses aditivos à saúde humana. Os estudos sobre esses efeitos são insuficientes e bastante contraditórios. Os aditivos podem causar desde simples urticárias, passando por asmas e reações imunológicas, chegando até ao câncer em animais de laboratórios. O amaranto, por medida de segurança, é proibido nos Estados Unidos devido aos estudos naquele país demonstrarem seu poder carcinogênico, porém seu uso é liberado no Canadá, onde testes não apresentaram problemas de carcinogenicidade.

Pela legislação atual, através das Resoluções n° 382 a 388, de 9 de agosto de 1999, da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), são permitidos no Brasil para alimentos e bebidas o uso de apenas onze corantes artificiais sendo eles: Amaranto, Vermelho de Eritrosina, Vermelho 40, Ponceau 4R, Amarelo Crepúsculo, Amarelo Tartrazina, Azul de Indigotina, Azul Brilhante, Azorrubina, Verde Rápido e Azul Patente V. Isto ocorreu devido à necessidade de harmonização da legislação entre os países membros do Mercosul para o uso de corantes em alimentos. A Resolução GMC nº50/98 trata dessa harmonização, bem como a Resolução GMC nº52/98 que trata dos critérios para determinar funções de aditivos, aditivos e seus limites máximos para todas as categorias de alimentos rótulos dos alimentos coloridos artificialmente devem conter os dizeres "COLORIDO ARTIFICIALMEN-TE" e ter relacionado nos ingredientes o nome completo do corante ou seu número de INS (International Numbering System).

Percebe-se que os aditivos alimentares são apenas mais uma ferramenta utilizada pelas indústrias, melhorando a aparência, sabor e duração dos alimentos, com o único objetivo de aumentar seu lucro.


Referências: